PROJETOS SOCIAIS VÃO
CONTINUANDO E NASCENDO NA PARÓQUIA
Na sua carta no Dia
Universal da Missão o Papa Bento XVI escreve assim: “ Desinteressar-se dos
problemas temporais da humanidade significaria : ignorar a doutrina do
Evangelho sobre o amor ao próximo que sofre ou que se encontra em necessidade;
não estaria em sintonia com o comportamento de Jesus...”
Nossa cidade, Nova Iguaçu,
onde CICM já trabalha desde 1963, embora ao longo dos anos em bairros e
paróquias diferentes, está crescendo cada vez mais. E embora que os grandes
bairros emanciparam e se tornaram novos municípios, nossa cidade continua sendo
a maior concentração populacional ao redor de Rio de Janeiro aproximando
novamente o número de um milhão de habitantes. Cabuçu é um bairro na periferia
de Nova Iguaçu nesta Baixada Fluminense. E´ali que estou morando e pastoreando,
desde Julho 2009, concretamente na paróquia de Nossa Senhora de Fátima. Além da
Igreja Matriz mais 11 comunidades estão sendo acompanhadas. Se anteriormente
estava trabalhando como missionário “pioneiro” na paróquia vizinha em Marapicu,
agora pela primeira vez desde cheguei no Brasil em 1973, me vejo numa paróquia
bem antiga e organizada. Em 2009 celebrou seu jubileu de 50 anos de vida. Na
minha vida missionária no Brasil esta mudança significa uma experiência nova.
Mesmo que a vida Eclésia e pastoral está bem encaminhada e animada por um
grande número de boas lideranças antigas e novas, novos desafios não param de
surgir ou mesmo os do passado necessitam de uma nova abordagem.
A Paróquia está localizada
na periferia da cidade. Além de um pequeno centro comercial, a maioria dos
bairros ainda necessitam de infra-estruturas básicas: ruas sem esgotos, sem
asfaltos, repletos de casinhas inacabadas das famílias dos trabalhadores.
Uns 40 anos atrás padres de
Maryknoll que atuaram na Paróquia acharam necessária a construção de uma escola
para garantir ensino. De primeiro concentrado em cursos profissionalizantes
para jovens e adultos e em outras épocas somente ensino básico. Assim nasceu o
CPC, Colégio Profissionalizante de Cabuçu. Um prédio com todas as dependências
necessárias para funcionar como escola: 7 salas, um salão maior, cozinha,
secretaria, banheiros, quadra de esporte. Ao longo dos anos houve profundas
modificações dentro desta escola ligada desde seus inícios à Paróquia. Visto o
crescimento do bairro, novas escolas municipais, estaduais e particulares
surgiram e o CPC começou a passar por dificuldades. Tentativas para voltar às
origens do projeto foram feitas mas sem grande êxito. Quando cheguei em 2009 na
Paróquia o empreendimento de uma escolinha baseiada na base de um voluntariado
estava por encerrar. Aí surgiu a grande questão: o que fazer com este prédio,
com o colégio que durante dezenas de anos marcou profundamente a vida escolar
da população juvenil do bairro... 23
Logo percebi que um grande desafio para nossa juventude mais carente
continuou existir: oportunidades para adquirir uma profissão, de modo
particular uma profissão de cunho mais técnico. Escolas profissionalizantes
técnicas nesta área da periferia não há.
O bispo diocesano apoiou a
busca de novas propostas para este antigo colégio da paróquia que não deixou de
ser um patrimônio valioso da diocese.
Foram iniciados contatos com
um ONG que está atuando já por 25 anos na diocese . O ONG “Casa do Menor” é um
projeto que um padre Italiano, Renato Chierre, iniciou num outro bairro popular
da cidade. O objetivo do projeto é a recuperação de jovens vítimas do vício da
droga. A casa oferece a estes jovens carentes, possibilidades de experimentar
uma vida familiar segura e feliz, vivida em pequenos núcleos, baseados numa
educação adequada e numa espiritualidade cristã, preparando deste modo um novo
futuro para estes jovens. Cursos profissionalizantes bem variados fazem parte
desta formação integral. Ao longo destes anos a Casa do Menor, se tornou uma
respeitada referência para o Grande Rio. Centenas de jovens conseguiram se
refazer, se formar profissionalmente e abrir novas perspectivas para vida
futura.
Depois de várias conversas
em diferentes níveis, o Padre Renato, se interessou e considerou providencial a
utilização do prédio para ampliar mais ainda o seu projeto em particular na sua
dimensão de escolarização profissionalizante para a juventude da nossa área. O
antigo CPC foi rebatizado em Centro Profissionalizante N.Sra de Fátima.
O projeto está se
organizando e esperamos que terá o mesmo êxito e empenho como em outros bairros
de algumas grande cidades onde a Casa do Menor está atuando.
No mês de Maio se iniciaram
os primeiros cursos: vendedor de autopeças, construção civil, estética e beleza
(curso de cabeleireiro) e fabricação de flores emborrachadas.
Outro projeto novo na
Paróquia está nascendo. O nosso confrade congolense, Beto que trabalhou no
passado na Paróquia adquiriu de uma senhora idosa uma casinha no centro do
Bairro. Neste espaço a paróquia realizou um trabalho no campo de saúde, o tal
de tratamento bio-energético. Como tudo tem seu valor mas também o seu tempo de
existência, esta experiência se encerrou. Com o conselho paroquial, pensamos
como dar um novo destino a esta casa antiga que realmente precisava primeiro de
reformas profundas. Surgiu a idéia de oferecer a população um espaço onde
crianças, jovens, adultos e casais conseguissem terapias a preços populares.
(na cidade as remunerações são altas demais para nossa população...) E assim,
com o apoio de duas psicólogas, Katia e Cleide, já atuando dentro destas
perspectivas e filosofia em outros lugares, conseguimos iniciar também este
projeto novo, na casa que recebeu o novo nome de “Casa, Vida com Saúde N.Sra de
Fátima”.
No mesmo sentido a irmã
Philó, missionária ICM que se formou em direito, e mais um voluntário leigo
oferecem a população carente consultadoria judicial em questões de família,
trabalhistas (de modo especial de empregadas domésticas) e outros conflitos que
afetam os direitos do consumidor. Os honorários também estão num patamar bem
popular.
A paróquia está
revitalizando a Pastoral da Criança com a formação de novos líderes que
iniciarão este lindo serviço em mais 3 comunidades da Paróquia. Salvar a vida
dos pequeninos de famílias carentes e cuidar do seu crescimento saudável até a
idade de seis anos, é objetivo desta pastoral. A saudosa fundadora Doutora
Zilda Arns, que foi vitimada 24
no terremoto terrível de Haiti, por ocasião de mais um trabalho de
fundação, continua a inspiradora de milhares de voluntários e líderes. Num
curso de sete sábados, os novatos se animaram para adquirir os conhecimentos e
a pedagogia necessários para se aperfeiçoar no seu serviço : educação com
ensinamentos de primeiros socorros, prevenção de doenças, tratamentos simples
mais eficientes através de por exemplo soro caseiro, informação e
acompanhamento preciso do crescimento dos bebês e crianças, através de uma
alimentação adequada, e suplementar com o leite forte e multi-mixtura, que os
voluntários preparam com os ingredientes doadas. Pelo pesagem mensal das
crianças é verificado na presença das mães, o crescimento dos pequeninos. Tudo
é registrado e devidamente organizado e passados os dados para o escritório
central da Pastoral em Curitiba (Paraná). Os líderes não deixam de dar
preciosas orientações às mães, em geral bastante carentes em matéria de
conhecimentos básicos de corpo humano e de higiene.
Em parceria com a
Prefeitura, em dois períodos por semana, umas oitenta senhoras da terceira
idade venham se exercitar cuidando da saúde física, instruídos por um
professor, que com muito jeito consegue animar as idosas para uma hora de dança
e ginástica leve.
Dona Nice, coordenadora
Assim terão uma vida mais
saudável e várias delas se solidarizam com a Pastoral da criança, especialmente
no dia do papai Noel.
Finalmente, deve ser
mencionado um trabalho social educativo que o ONG “AVICRIS” realiza num bairro
da Paróquia e recebe o apoio da Comunidade. No sitio Natureza Viva bem
organizado, Roberto e Fabiano, educadores, fazem um trabalho formativo de
acompanhamento de crianças de famílias carentes da região. Crianças entre 6 e
14 anos, na faixa etária do ensino básico, ali recebem uma formação humana
cristã ecumênica, enquanto os pais estão no seu trabalho. Há lazer, esporte,
reforçamento de certos disciplinas escolares, e oficinas ocupacionais como
artesanato, informática e horta comunitária. A turma da manha termina com um
almoço e a da tarde com um lanche reforçado. Os responsáveis da ONG,
semanalmente procuram arrecadar nas empresas e supermercados principalmente no
Rio de Janeiro, os mantimentos necessários.
Todas estas experiências são
tentativas de valorizar a vida dos menores e abandonados porque cremos na
Palavra de Jesus que continua sendo proclamada: ”Eu vim para todos tenham vida
e vida em abundância.” Trabalhos pastorais sociais efetuados num espírito
ecumênico são respostas adequadas a uns desafios da nossa Baixada.
Pe Bernardo Masson, cicm